domingo, 11 de janeiro de 2015

A última a saber...

Nasci menina, me lembro que aos 5 anos gostava de um menino da vizinha, Cidinho.
A gente até se abraçava forte quando ninguém tava olhando e brincava de ser namorado enquanto nossas mães conversavam sobre coisas de adultos.
Depois de Cidinho, já na alfabetização, eu gostava de Ayron e tinha uma história de amor imaginária com ele.
Por aí foi...
Ninguém nunca perguntou porque eu gosto de meninos, por que meus amigos são majoritariamente heterossexuais, porque todos os meus namorados foram homens.
Ninguém na minha família jamais ousou perguntar se eu sou heterossexual.
Qual a lógica então de perguntarem se alguém é homossexual e de se ofenderem por não terem ficado sabendo antes?
Quer dizer que no meu caso, basta observar meu comportamento, sem perguntas, sem julgamentos, e no segundo caso a pessoa precisa gritar e "sair do armário"?
Que armário?
O que está no armário é a percepção de quem exige ser comunicado.
Não acho que uma pessoa precise dizer aos pais, amigos e familiares que é gay, assim como não vejo necessidade de dizer que é hétero.
Pais conhecem seus filhos ou, pelo menos, deveriam conhecer.
De fato, precisei amadurecer muito para chegar a essa conclusão. Isso porque nasci e fui educada em uma sociedade que impõe a heterossexualidade como padrão de normalidade, para me desvencilhar dessa visão limitada.
Eu saí do armário e deixei de ser a última a saber. Desenvolvi a sensibilidade e passei a ler melhor as pessoas ao meu redor. É libertador.




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