domingo, 11 de janeiro de 2015

A última a saber...

Nasci menina, me lembro que aos 5 anos gostava de um menino da vizinha, Cidinho.
A gente até se abraçava forte quando ninguém tava olhando e brincava de ser namorado enquanto nossas mães conversavam sobre coisas de adultos.
Depois de Cidinho, já na alfabetização, eu gostava de Ayron e tinha uma história de amor imaginária com ele.
Por aí foi...
Ninguém nunca perguntou porque eu gosto de meninos, por que meus amigos são majoritariamente heterossexuais, porque todos os meus namorados foram homens.
Ninguém na minha família jamais ousou perguntar se eu sou heterossexual.
Qual a lógica então de perguntarem se alguém é homossexual e de se ofenderem por não terem ficado sabendo antes?
Quer dizer que no meu caso, basta observar meu comportamento, sem perguntas, sem julgamentos, e no segundo caso a pessoa precisa gritar e "sair do armário"?
Que armário?
O que está no armário é a percepção de quem exige ser comunicado.
Não acho que uma pessoa precise dizer aos pais, amigos e familiares que é gay, assim como não vejo necessidade de dizer que é hétero.
Pais conhecem seus filhos ou, pelo menos, deveriam conhecer.
De fato, precisei amadurecer muito para chegar a essa conclusão. Isso porque nasci e fui educada em uma sociedade que impõe a heterossexualidade como padrão de normalidade, para me desvencilhar dessa visão limitada.
Eu saí do armário e deixei de ser a última a saber. Desenvolvi a sensibilidade e passei a ler melhor as pessoas ao meu redor. É libertador.




terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Era questão de múltipla escolha, escolhi a errada.


Sempre lembro do blog quando estou inquieta, frustrada ou triste demais, por mim, comigo, com outrem ou por outrem.
A melhor parte de escrever aqui é saber que quem costuma tirar prints das minhas publicações no facebook e enviar através de outros aplicativos a fim de incitar discórdias, não o faz aqui, já que esse tipo de pessoa não consegue ler nada que ultrapasse as dez linhas do meu raciocínio.
Hoje escrevo para uma pessoa a quem amo muito, por ter certeza de que lerá (é a minha leitora mais assídua, senão a única).
Com todo o amor que há no meu peito, tenho vontade de te fazer enxergar que, talvez, dessa vez você tenha feito a escolha errada.
Nessa sua vida tão corrida, cheia de tentativas, de lutas e de histórias acho que você se passou e vacilou especificamente nessa escolha, isso está te matando aos poucos.
Te percebo mais calada, com um sorriso meio amarelo daqueles de quem não quer deixar transparecer a dor, te vejo um pouco apagada, amiga.
Sei que não quer falar, esconde as lágrimas e as cicatrizes, parece ter vergonha ou medo, mas eu te conheço muito bem e estou te vendo.
Se o maior amor da sua vida deixou de ser você, se a sua maior meta não é mais se fazer feliz, sinto muito, mas você errou novamente.
Deixar que a sua felicidade dependa exclusivamente de uma pessoa que não é você nunca poderia dar certo.
Não deu, você precisa perceber, aceitar e seguir.
Se for para ser feliz você precisa estar com alguém, que esse alguém não seja aquele que ridiculariza seu corpo, que tem vergonha (e expõe isso em alto e bom tom) das suas ideias, que te esconde dos amigos.
Alguém que só te trata com dignidade quando tem algum interesse, que grita contigo, que te apaga dos registros.
Não se conforme, amiga, não aceite esse desprezo.
Você pode até não ser linda como acha que deveria, mas é muito mais linda do que imagina.
Você é uma valente.
Sei que vai me ler. Não se sinta constrangida. Saiba que eu também já escolhi muita alternativa errada em questão de múltipla escolha.
Só mais uma coisa que você já sabe, eu te amo e tem um monte de gente que te ama também e que te quer bem.