sexta-feira, 13 de junho de 2014

Pra quem sabe ler mais do que o título.

Eu poderia dizer tantas coisas de tantas maneiras sobre esse surto político- partidário-democrático-elitista que está ocorrendo, mas vou começar falando de mim e da minha vida particular.
No primeiro semestre de História eu, com meus 17 anos ouvia uma professora dizer: - "Vocês não vão sair daqui os mesmos, vão criticar tudo, reclamar de tudo, vão virar uns chatos!"
Por volta dos 18 ouvi outro professor dizer: - "Vocês tem que aprender a ler nas entrelinhas!"
E durante toda a licenciatura frases como: - "Procure saber quem está falando e a quem quer atingir, aí você vai começar a perceber o interesse", eram batidas dia-a -dia.
Formei e de lá pra cá posso não ter aprendido a gravar uma data sequer que é o que esperam que o professor de História aprenda na universidade mas aprendi a me perguntar por quem, para que e para quem certos discursos são disseminados.
Daí ontem perdi a vaia à Presidente Dilma no estádio. Cheguei depois, mas hoje vejo as pessoas exaustivamente repetindo esse feito na internet, uns achando o máximo, outros achando patético.
Acredito que ela já esperava por essa reação, afinal não foi a primeira vez e essa ferramenta linda e maravilhosa chamada internet a Dilminha também tem, acreditam? Até usa twitter! Então é bem difícil acreditar que ela entrou no Itaquerão achando que seria aplaudida de pé.
A minha singela opinião sobre esse acontecimento é a mesma que tive ano passado quanto ao movimento "Vem pra rua", não tenho nada contra a pessoa ser branca, rica, chique e poderosa, nadinha mesmo. Eu também vivo aqui na ralação p ver se um dia consigo pelo menos ter uma casa pra chamar de minha, carro do ano, pra poder viajar e conhecer (inclusive) a Europa dos nossos colonizadores. Tenho muitos amigos que fazem parte desse grupo luxuoso e glamuroso, que tem grana para torrar pagando R$ 990,00 em área VIP do jogo da copa, mas na vida real, desde o dia em que houve o anúncio de que a copa seria no Brasil (2010, né?) eu já sabia que não estaria entre os entusiasmados torcedores nas arquibancadas muito menos no camarote.
Percebo que entre os meus interesses e os interesses dos meus amigos mais abastados há um enorme abismo e, por tanto, não posso admitir ou se quer cogitar que os citados sejam portadores da minha voz.
É aí que entra o movimento "vem para a rua", elaborado e encabeçado pelos filhos e filhas da elite paulistana. Não me enganou sequer por um momento. O movimento em que eu acredito é o dos milhares de favelados, negros, mulheres, homossexuais, indígenas dentre outras 'minorias' que sempre estiveram nas ruas lutando e gritando contra o desrespeito diário aos seus direitos e cidadania, esses sim tem o meu total apoio, embora não o suficiente para me fazer levantar dessa minha zona de conforto e ir pra rua gritar também.
A elite branca brasileira tem suas próprias demandas e acho justo e legítimo que tenham, só não são as mesmas que as minhas, se é que você caro leitor imaginário me entende.
Essa incessante luta da camada hegemônica da sociedade brasileira hodierna contra o atual Governo Federal me lembra muito a aquela História sobre a Princesa Isabel gente boa e bacanosa abolindo a escravidão no Brasil, salvando todos os pobres negros injustiçados, que não tinham força e nem vontade de se erguer e lutar pela própria liberdade.
Sob essa perspectiva os desassistidos precisam do redentor que lhes salve, visto que jamais poderiam perceber o enorme mal que os cerca sozinhos. Me desculpem os amigos, se não for possível perceber que meu discurso está para muito além de partidarismo político, me chamem de Petralha, esquerdopata, esquerda caviar, eu não ligo. 
O meu voto quem vai saber é a urna, mas a minha posição política não é a que vai com a maré e para me representar a pessoa tem que ter muito mais do que uma frase de efeito para gritar em estádio, por tanto, o grito dos reis do camarote NÃO ME REPRESENTA.
Pronto, escrevi.